Mito e Realidade: Tiradentes não tinha barba e está enterrado no cemitério do Caju, RJ..!? Ainda existem provas de quem morreu no lugar dele foi outra pessoa! O fim de Felipe dos Santos foi Igual ao de Tiradentes ou o de Tiradentes foi igual ao de Felipe dos Santos?....samba do crioulo doido?
Para começar, esqueça a figura de Tiradentes com cabelos e barbas compridas. Essa imagem foi imposta por decreto pelos militares, para que ele ficasse parecido com Jesus. Joaquim José da Silva Xavier era militar e, como se sabe, cabelos compridos nunca foram tolerados nas Forças Armadas. Mesmo depois de capturado e condenado à forca, teve seus cabelos e barbas raspados por questões de higiene.
Na verdade Tiradentes só começou a ser cultuado como herói nacional a partir de 1890, ou seja, 98 anos depois de sua morte. Sua imagem de mártir e patrono da nação brasileira foi construída pelos republicanos, que precisavam de um símbolo que representasse a luta pela ruptura definitiva com o poder português.... Mas não há como falar sobre Tiradentes sem entender o que foi a Inconfidência Mineira. Esse termo, aliás, tem sido rejeitado por muitos historiadores, já que inconfidência quer dizer traição, deslealdade, infidelidade. “O termo correto é ‘conjuração’, já que o que ocorreu em Minas Gerais foi o primeiro ato organizado para conquistar a independência do Brasil. Se eles foram traidores, foram segundo a óptica das autoridades coloniais. Como brasileiros não podemos continuar a explicar nossa história de acordo com a perspectiva dos europeus”, escrevem no prefácio do livro “Um Sonho de Liberdade – a Conjuração de Minas, os autores Rubim Santos
Leão de Aquino, Marco Antônio Bueno Bello e Gilson Magalhães”.
Felipe dos Santos: “Jurei morrer pela liberdade”
22 de setembro de 2011 | Categoria:: Lutas e Heróis do Povo |
E o fogo varreu as ruas do Arraial de Ouro Podre, Município de Vila Rica, Província das Minas Gerais. E as casas foram reduzidas a cinzas. E quem sobreviveu foi para o olho da rua. Exceto os líderes populares como Felipe dos Santos e Tomé Afonso Pereira, levados para as masmorras coloniais. O primeiro, morto e esquartejado no dia 21 de julho de 1720. Por que tanta crueldade?
Passara a fase da exploração do pau-brasil. Agora, século 18, a extração de minérios tornara-se a principal fonte de riqueza da Colônia do Brasil. O Centro dessa atividade, a Real Capitania das Minas de Ouro e dos Campos Gerais.
As Câmaras de Vereadores, órgãos coloniais de administração, fixavam os tributos e os recolhiam, passando um quinto para Portugal. Mas as revoltas eram constantes e as câmaras perdiam o controle sobre a produção e comercialização dos minérios. Parece que os espíritos libertários haviam escolhido as montanhas de Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto) para habitá-las.
Então a Coroa portuguesa intervém pesadamente. Proíbe o livre comércio e decreta o monopólio das Casas de Fundição. De imediato, envia tropas para garantir a aplicação das medidas, sob a responsabilidade do recém-nomeado governador da Província, D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, o Conde de Assumar. Segundo o historiador Souto Maior, o conde era “um militar pouco inteligente e completamente inabilitado para a função que exercia”.
A REVOLTA
Há poucas informações sobre Felipe dos Santos Freire. Mas os registros indicam que era português, tropeiro e pobre, bom orador, querido pelo povo e revoltado com a opressão do Reino de Portugal sobre o Brasil.
Era noite de São Pedro, ano de 1720. Enquanto os fogos, bombas juninas e tiros de bacamarte explodiam, um grupo de mascarados desce as montanhas de Ouro Preto e ocupa as ruas, incitando o povo a cercar a casa do ouvidor de Vila Rica, Martinho Vieira, que, avisado, já havia sumido.
O povo segue para a Câmara de Vereadores, ocupa o Paço Municipal e Felipe dos Santos apresenta o Memorial que será encaminhado ao governador com as seguintes reivindicações, informando que só deporão as armas quando todas forem atendidas:
· Fim das casas de fundição.
· Abolição dos monopólios do comércio de gado, sal, aguardente e fumo.
· Redução de vários tributos.
· Diminuição das custas processuais.
Um emissário, José Peixoto, foi enviado a Ribeirão do Carmo (atual cidade de Mariana), onde se encontrava o governador. Pelo caminho, ele buscava o apoio popular, informando de sua missão e bradando: Viva o Povo! As Gerais estão levantadas!
O Conde de Assumar não demonstrou nenhuma inabilidade. Disse ao emissário que simpatizava com as reivindicações e convocaria uma Junta Geral para analisar os pleitos; que os rebeldes voltassem à sua vida normal, que não haveria nenhuma punição.(...)Fez um discurso conciliador, abriu a palavra para a liderança rebelde e, a cada pleito apresentado, respondia: “Deferido como pedem“. A multidão aplaudiu entusiasmada e os vila-riquenses voltaram em festa, comemorando a vitória. Alguns diziam que os próximos passos seriam a independência e a república.
Outros, porém, nascerão!
O Conde de Assumar não pretendia cumprir nenhuma das promessas. Os mineradores ricos desmobilizaram suas forças. Os líderes populares não acreditaram e continuaram pregando a revolta.
O conde escalou a tropa, conseguiu dos fazendeiros de Ribeirão a disponibilização de escravos, reuniu 1.500 homens. No dia 14 de julho, ocupou Vila Rica, prendeu os fazendeiros Manoel Mosqueira, Sebastião da Veiga Cabral, Pascoal da Silva e os frades que apoiavam o Movimento.
Organizaram a caçada aos líderes do povo, encontrando Felipe dos Santos falando para o povo em frente à igreja de Cachoeira e Tomé Afonso fazendo o mesmo em Sabará. Foram imediatamente levados para a prisão.
Mas o Conde de Assumar tinha sede de vingança e mandou incendiar o arraial do Morro, em Ouro Podre, onde os líderes residiam e tinham sua principal base de apoio. Foi uma devastação.
Dorme, meu menino, dorme
Dorme e não queiras sonhar
Morreu Felipe dos Santos
E por castigo exemplar
Depois de morto na forca
Mandaram-no esquartejar.
Dorme e não queiras sonhar
Morreu Felipe dos Santos
E por castigo exemplar
Depois de morto na forca
Mandaram-no esquartejar.
Felipe dos Santos, o mais popular dos líderes, foi escolhido para servir de exemplo aos que ousassem enfrentar o domínio de Portugal. Enforcado no dia 21 de julho de 1720, seu corpo foi amarrado à cauda de um cavalo e esquartejado. A seguir, cotaram-lhe a cabeça e expuseram-na num poste de Vila Rica, espalhando as outras partes pelas estradas da região.
Instalam-se as casas de fundição, soldados vigiam rigorosamente a produção e comercialização do ouro e outros minérios. O sonho de libertação é contido e não extinto. Ele voltará.
E nasceram. Brejo Salgado (1736), Montes Claros (1775), Vila Rica, outra vez, com a Conjuração Mineira e seu herói, Tiradentes (1789). “Felipes dos Santos” morrendo, outros “felipes dos santos” nascendo, até o povo brasileiro conquistar sua verdadeira independência e soberania.
Nota: O poema reproduzido é uma composição de Sueli Costa sobre trecho do Romanceiro da Inconfidência, da poetisa Cecília Meireles. A música foi gravada por Chico Buarque de Holanda e pelo Quarteto em Cy
“José Levino, historiador”
· “Despojos de Tiradentes”, de Cândido Portinari. Colégio de Cataguases, MG.
O que foi a Inconfidência Mineira
A Inconfidência ou Conjuração Mineira foi uma conspiração feita por parte da oligarquia das Minas Gerais entre 1788 e 1789. Afundada em dívidas, sem condições de pagar os tributos e descontentes com a reforma administrativa a ser promovida na capitania pela Coroa Portuguesa, e que lhe tiraria privilégios, a elite mineira via na independência da região uma solução.
.... Sem sucesso, tramaram então um levante separatista que, inspirado nos ideais do Iluminismo, propunha a constituição de um estado republicano.
O levante previa a mobilização de tropas, que estavam sob o comando dos militares que aderiram à conspiração, para tomada do governo da capitania. No entanto, a suspensão da derrama pelo governo colonial e a traição cometida por um dos inconfidentes, levou à prisão de todos os participantes.
Por que só Tiradentes “foi” enforcado?
Mestiço, pobre, falastrão, com o perfil adequado a bode expiatório, Tiradentes foi o único dos inconfidentes condenado e executado. Por ordem de D. Maria I, rainha de Portugal, ele foi enforcado e esquartejado em praça pública, em 21 de abril de 1792, para inibir qualquer novo levante contra a Coroa Portuguesa.
Já os principais mentores da Inconfidência Mineira, acabaram morrendo na prisão ou exilados na África. Como o levante fracassou, Tiradentes virou líder e mártir. Caso tivesse dado certo, ele provavelmente não ficaria com as principais benesses do novo regime, conforme comentou Machado de Assis em crônica publicada na comemoração dos cem anos da tentativa de insurreição.
A Inconfidência ou Conjuração Mineira é uma das mais controversas histórias brasileiras.
Primeiro, porque não restaram muitas informações e documentos a respeito de seus participantes, além dos relatos oficiais produzidos pelos juízes do governo colonial.
Em segundo, porque as versões apaixonadas feitas por monarquistas e republicanos nos anos seguintes aos fatos comprometeram uma visão isenta sobre o que realmente aconteceu. O que no final ficou para os discursos oficiais e para as aulas nas escolas foram uma imagem sacralizada de Tiradentes como mártir e a ideia de que o movimento foi precursor da independência do Brasil.
Nas últimas décadas, os historiadores têm se debruçado sobre a trama para construir uma imagem menos apaixonada politicamente e mais científica do movimento e do próprio Tiradentes. Ainda assim, o que reside no imaginário popular é uma história carregada de elementos que remetem o sofrimento do alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, ao martírio cristão: um humilde que se sacrifica para salvar outros “pecadores”, a presença de um “Judas”, um traidor entre eles e até mesmo uma duvidosa semelhança da imagem do alferes com a de Jesus.
Segundo os Autos da Devassa da Inconfidência Mineira e a carta denúncia enviada pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis ao governador Visconde de Barbacena, a liderança da insurreição era do desembargador Tomás Antônio Gonzaga. Outras figuras da elite das Minas Gerais, como o coronel Inácio José de Alvarenga Peixoto, o poeta e magistrado Cláudio Manoel da Costa e os religiosos José da Silva e Oliveira Rolim e Luís Vieira da Silva também faziam parte da conspiração. Embora todas essas figuras das classes privilegiadas da época estivessem muito mais envolvidas com a conspiração do que Tiradentes, este foi o bode.(...)
Socialmente alheio ao grupo idealizador da conspiração e preterido das principais decisões, mas totalmente imbuído dos ideais revolucionários, Tiradentes serviu como o perfeito mártir quando o levante foi descoberto.
Ao fazer de Tiradentes um símbolo do que aconteceria com conspiradores, a Coroa Portuguesa criou um herói que serviu de referência para as lutas pela independência e pela república no Brasil. Durante os séculos XIX e XX, o mito cresceu a partir de versões românticas e nacionalistas que historiadores, escritores, poetas, jornalistas e políticos fizeram da Inconfidência Mineira. De qualquer forma, Tiradentes parece merecer o heroísmo a ele atribuído.
Ingênuo ou não, ele foi um dos únicos a ter reafirmado em todas as situações, inclusive no julgamento que o condenou à morte, sua crença nos ideais nobres da Inconfidência.
Curiosidade sobre Tiradentes
Em 1719 foram criadas as tais companhias de Dragões, forças militares profissionais formadas para ajudar na manutenção do sistema de cobranças relativas às pedras preciosas e tal… Bem, eu queria saber se Tiradentes tinha algo a ver com essas forças militares. Já li que ele foi comandante dos Dragões…
Sentou praça
Tiradentes ingressou nos Dragões de MG em 1775, no posto de Alferes, algo semelhante ao posto de sargento, hoje – a patente que faz a ligação entre os oficiais e a tropa. Alguns historiadores falam em tenente, mas esta sugestão diz mais respeito à dignidade do personagem de que funções efetivas que ele desempenhava.
Ele nunca obteve uma promoção, fato que o deixava extremamente insatisfeito, por que ele era reconhecido pelo desempenho e conhecimento de sua profissão.
Ele nunca obteve uma promoção, fato que o deixava extremamente insatisfeito, por que ele era reconhecido pelo desempenho e conhecimento de sua profissão.
Tiradentes na Europa?
Isolde Helena Brans, uma historiadora gaúcha, atualmente radicada em Campinas, descobriu provas (no Arquivo Ultramarino, em Lisboa, Portugal) de que o Alferes da Cavalaria de Minas Gerais esteve na Europa, onde entrou clandestinamente e ficou pelo período de um ano e meio.
No “Livro da Porta”, onde se registravam as pessoas que chegavam à Corte, ela descobriu o nome de Joaquim José da Silva Xavier, com a data de 4 de setembro de 1787. Também na Torre do Tombo há referência à estada de Tiradentes em Lisboa, no livro 30 da Chancelaria da Rainha D. Maria I.
Nas suas investigações Dra. Helena rastreou a viagem de Tiradentes à Europa como integrante de um grupo pré-revolucionário que usava o codinome de “VENDEK”. Também foram encontradas cartas e outros documentos que comprovam os encontros de Thomas Jefferson com o Alferes.
Tiradentes, o bode expiatório
Novos estudos históricos apresentam uma inconfidência mineira diferente daquela que nos narram os livros didáticos.
Embora a historiografia oficial considere a inconfidência mineira (1789) como uma grande luta para a libertação do Brasil, o historiador inglês Kenneth Maxwell, autor de “A devassa da devassa”, diz que “a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa”, e que objetivava, não a independência do Brasil, mas a de Minas Gerais.
Esses novos estudos apresentam um Tiradentes bem mudado: sem barba, sem liderança e sem glória. Joaquim José da Silva Xavier não foi senão o “bode expiatório” da conspiração. “Na verdade, o alferes provavelmente nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos mais amplos do movimento.” O que é natural acreditar. Como um simples alferes (o equivalente a tenente, hoje) lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores?
A Folha de S. Paulo publicou um artigo em 21-04-98, no qual se comenta os estudos do historiador carioca Marcos Antônio Correa. Correa defende que Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792. Ele começou a suspeitar disso quando viu uma lista de presença da Assembleia Nacional Francesa de 1793, onde constava a assinatura de tal Joaquim José da Silva Xavier, cujo estudo grafotécnico permitiu concluir que se tratava da assinatura de Tiradentes.
Segundo Correa, um ladrão condenado morreu no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida pela maçonaria. Testemunhas da morte de Tiradentes se diziam surpresas, porque o executado aparentava ter menos de 45 anos. Sustenta Correa que Tiradentes teria sido salvo pelo poeta Cruz e Silva (maçom, amigo dos inconfidentes e um dos juízes da Devassa) e embarcado incógnito para Lisboa em agosto de 1792.
… a cabeça de Tiradentes, levada do Rio de Janeiro para Vila Rica e exposta num poste em frente da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios dos Brancos, foi roubada na terceira noite e nunca mais foi encontrada....Na verdade a cabeça de Felipe dos Santos também, líder de um movimento semelhante, mas de caráter popular, foi enforcado, esquartejado, salgado e distribuídos pelos caminhos em que pregou a libertação de Portugal!
… considerada por muitos uma conspiração de poetas e loucos, a Inconfidência Mineira apresenta números que negam a teoria. Os Autos da Devassa implicam 84 pessoas – apenas 24 condenados. Os números: militares foram 15, Civis foram 62 e clérigos foram 7. Entre os militares, está presente quase toda a oficialidade do Regimento de Cavalaria Regular de Minas. Entre os civis, destacam-se: 1 banqueiro, 4 engenheiros, 12 bacharéis em Direito e 4 médicos.
Barra de ouro com o símbolo da Coroa Portuguesa, de 1720
… alferes, do árabe al-fars, o cavaleiro, era o antigo oficial do exército com posto logo abaixo do de tenente.
… escrito por Tomás Antônio Gonzaga durante sua prisão no Rio, em 1789, Marília de Dirceu é um dos mais belos poemas de amor da língua portuguesa. Foi dedicado à jovem Maria Dorotéia de Seixas, com 16 anos na época, por quem o poeta, com 43 anos, se apaixonou e com quem iria se casar se não tivesse sido preso e enviado para à África.
… o encarregado de enforcar Tiradentes, o carrasco Jerônimo Capitânia é, como costumava acontecer, um escravo que teve a condenação à morte transformada em prisão perpétua. Em troca, deve executar as penas capitais impostas pela Coroa, em geral contra negros. Neste caso, Capitânia é “premiado” com a rara oportunidade de executar um branco. Em 1874, a pena de morte foi abolida no Brasil
… tradicional no imaginário popular desde o século XIX, a imagem de Tiradentes com barba e cabelos longos é consagrada no governo Castelo Branco (1964-67).
Em 1966, Castello lhe dá o título de Patrono Cívico da Nação e promulga decreto obrigando que toda representação do alferes se baseie na figura retratada por Francisco Andrade, em escultura exposta no Palácio Tiradentes (RJ). Tal retrato já era condenado por historiadores, os quais afirmavam que os condenados à morte tinham cabeça e rosto raspados antes da execução. O decreto é revogado, em 1976, por Ernesto Geisel. Agência RBS
A imagem que nos deram do Tiradentes e a imagem criada pelos “marqueteiros” da “republica”, que foi instituída de cima para baixo, ela necessitava de heróis. Pegaram a figura de um homem indo para a forca, que logicamente deveria estar com o cabelo e a barba bem aparados, para que o laço corresse bem pelo pescoço, e cristianizaram com os cabelos e a barba comprida. Dentre as figuras que comandara a Inconfidência ele era uma figura menor, somente um grande agitador de massas....
Fonte Primária
—Documento do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro:“Pedro Affonso Galvão de São Martinho, Sargento Maior Comandante do Regimento de Cavalaria Regular de Vila Rica de que é Coronel e Ilmo e Exmo Senhor Visconde de Barbacena, Governador e Capitão General da Capitania de Minas Gerais.
Certifico que Joaquim José da Silva Xavier, Alferes da 6ª Companhia do dito Regimento, saiu desta capital para o Rio de Janeiro em 2 de março de 1787, com dois meses de licença, e depois teve mais dois meses de prorrogação, concedido pelo Exmo Senhor Luiz da Cunha Menezes que era governador e Capital general desta Capitania; além do dia tempo, o mesmo Alferes se demorou no Rio de Janeiro, por moléstias e outras causas, até que se apresentou no Regimento em 28 de agosto de 1788.
Teve segunda licença de um mês, para vir ao Rio de Janeiro, que principiou em 10 de março de 1789, a qual excedeu o que tudo consta dos mapas de mês do Regimento e do livro mestre consta a folha 19, em que esta o acento do dito alferes, que em 10 de maio de 1789 foi preso na Ilha das Cobras do Rio de Janeiro a ordem do Ilmo e Exmo.Sr. Visconde de Barbacena Governador e Capitão General desta Capitania. Vila Rica, 10 de outubro de 1789. Pedro Affonso Martinho,Sargento Maior Comandante.”
Portanto, analisando este documento -FONTE PRIMÁRIA- e deixando a emoção de lado, é no mínimo razoável ser de toda inviável a viagem de Tiradentes a Europa.
Muito já se falou e muito já se escreveu sobre a possível condição de Maçom de TIRADENTES, gerando uma série de controvérsias que a gente não sabe quais os autores confiáveis. Isso acabou gerando uma história distorcida que com tanta repetição quase chegam a ter foros de verdade. Uma mentira repetida muitas vezes acaba sendo considerada uma verdade. Um historiador, para fazer uma afirmação de que Tiradentes foi Maçom, deve se basear em documentos que comprove essa condição e infelizmente, até hoje, ninguém encontrou nada dando prova disso.
De uns tempos para cá, surgiu, no meio historiográfico a hipótese de que Tiradentes tivesse estado na Europa e mantido contato com Thomas Jefferson, no sentido de obter apoio para uma revolução emancipadora. Afirmam até, que ele seria o misterioso emissário Vendeck, que fez contato com Jefferson.
A partir dessa hipótese, alguns historiadores Maçons, que, contra toda a evidência, querem fazer crer que o Tiradentes foi Iniciado, passaram a especular sobre a possibilidade de ele ter sido Iniciado na Europa, já que no Brasil não existiam Lojas Maçônicas. Outros autores (usando mais o coração do que a razão) chegam ao cúmulo de afirmar que ele teria sido Iniciado (por comunicação ou não) no Rito Escocês e dão até o nome do Venerável Mestre que o consagrou.
Vale a pena salientar que naquela época além de não haver uma só Loja Maçônica no Brasil, o referido Rito só apareceu em 1801 na França e chegou ao Brasil muito depois dos Ritos Moderno e Adonhiramita que foram introduzidos junto com as primeiras Lojas fundadas no nosso País.
Também existe aquela velha questão na Maçonaria de que todo vulto histórico de destaque positivo foi Maçom, enquanto que os de destaque negativo certamente não o foram. Então a vontade de se fazer Tiradentes Maçom é grande. Nos, particularmente, ficamos com autores que bebem das fontes primárias e deixam a emoção de lado como José Castellani, Prober.
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